sábado, 6 de julho de 2013





Talvez não seja possível, por fim, ser feliz. Mas talvez eu nunca me convença disso. Talvez eu sofra por esperar ser feliz um dia. Talvez eu acredite no prazer e na alegria como forma de felicidade. Talvez eu ache-sa nas disparidades e ínfimos detalhes que conheço de cada um. Talvez eu passe a achar alegria nas perguntas sobre as marcas que você deixou em mim e na minha vida. Talvez eu me canse de respondê-las e não deixe mais que ninguém as veja. É quase cruel o modo como o meu íntimo sofrimento vire assunto de interesse para alguém diferente de você, mas, olha, outras pessoas também se importaram. E pode ser bom! Talvez eu goste de outras pessoas. Talvez eu goste tanto quanto eu gostei de você. Mas espero nunca ter de novo com outra pessoa o que tivemos nós. A parte ruim não venceu a boa. Talvez eu ache graça das nuances da voz e das piadas de outra mulher. Talvez eu queira gostar de outras curvas. Talvez eu queira me perder em outras coxas. Seja o jeito como eu me contorço ao sentir prazer seja mais atraente para alguém diferente de você. Talvez a vida não seja assim tão sacana e eu possa sim, baby, encaixar em outra mulher. Talvez meus sonhos sirvam para alguém. Talvez eu descubra alguém que eu não precise me adaptar tanto para estar junto. Talvez não sejamos tão ruins quanto achamos uma da outra e de nós mesmas. talvez possamos acordar um dia e, puf!, achar uma grande inspiração deitada ao nosso lado. Alguém que não faça só café, bolo e amor, mas que faça nos bem.
Talvez eu sonhe demais e pense demais sobre o que necessariamente irá acontecer, mas queria te dizer que só conheço meus limites porque você mostrou-os a mim e, sinceramente, ainda não decidi se isso foi bom ou ruim. Na real eu queria te confessar que ainda não decidi se te acho boa ou ruim ou se nós fomos boa ou ruim, nem se acredito em gente boa e ruim, assim, segregacionado desse jeito. Talvez nunca sejamos ruim para alguém.
Mas sei que mais do que nunca eu desmistifiquei a dor, o sofrimento e a não-correspondência. São coisas com que eu posso lidar agora. Sei o que eu posso esperar de alguém o que deixar acontecer naturalmente. Sei que nunca mais quero ter um relacionamento que seja prisão, castração e privação. Você me fez acreditar não haver alternativa, mas há! E foi isso que eu sempre quis. Liberdade.
Enfim, posso dizer que dizer que estou pronta para partir e deixar meu coração se partir novamente se esse for o preço a ser pago. Não serás a primeira nem a última.

sábado, 27 de abril de 2013





O egoísmo, fundido com o ego, fez eu querer me afastar, querer euforia do nosso relacionamento. Como eu me sinto hoje, longe de você, mas perto de tudo que me lembra você – que é quase tudo que me faz sentir e me desperta emoção-, todas as músicas, cafonas ou sinistras, me fazem lembrar de um sentimento de bem estar, imensidão, magnitude e certeza que eu só sinto – ainda que as vezes – quando estou contigo. Tudo isso não fez sentido para mim. Sinto-me inclinada a voltar ao bom e velho “estar com você é difícil, mas sem você, impossível.” Por favor, aceite esse singelo e apaixonado coração de volta.

Nesse pitoresco tempo que tive para pensar pude observar a superficialidade divertida das pessoas cuja qual me fizeram falta quando estava contigo, porém não me completaram nem alimentaram nenhuma parte de mim como tem feito o nosso amor manifestado. Nem as piadas, nem o álcool, nem a cocaína, nem nada me faz abstrair o tamanho que a sua falta faz em mim. Eu não entendo porque nem como eu decidi fazer tudo que fiz. Não sei como fui capaz de escolher fazer todas as coisas que te magoaram tanto. Também ainda não decidi se devo implorar pelo seu perdão e sermos felizes ou insistir para que você nunca me perdoe e me deixe sofrer para ser justo. Fico imaginando o quanto tudo seria muito mais fácil para você se eu só sumisse, desaparecesse, morresse, me desintegrasse. Com certeza esse seria o meu último ato de amor e desespero dedicado à você.

Mas afinal eu te peço perdão a fim de que você aceite o bom que temos e tudo de maravilhoso que ainda vamos ter. Venha ser minha e me deixe ser sua nova e verdadeiramente. O resto só não vale a pena. Não há cor, neon, gosto, prazer ou adrenalina que superará o que nós temos. E, veja bem, baby, posso ser burra, mas ainda não sou cega ou insensível para perceber o que está bom e o que não está. Posso ser covarde, mas tenho coragem o suficiente para admitir quando eu errei, quando fiz a escolha mais imbecil, superficial, egoísta e cruel ever. Posso ser orgulhosa, mas tenho humilde suficiente para admitir que ainda preciso avançar muito para ser capaz de entender e assim merecer todo o nosso amor e tudo que você tem feito por mim: todos os seus perdões, cuidados, compreensão, persistência e dedicação. Mas acredito nele com a certeza de que o Sol nascerá todos os dias. Não duvido – as vezes pestanejo, desculpe por isso - e acho que estou começando a ver o que isso significa e todas as dúvidas, mazelas, pesares e clichês que ele, o amor, cancela. Posso ser insegura, meu bem, mas se existe nessa vida uma possibilidade desse animal se aproximar um pouco de ser humano, ela está relacionada diretamente proporcional à nós.

sábado, 16 de março de 2013






Com a respiração do seu sono profundo vindo do meu lado, sinto-me vencedora. Olhando para seus olhos pregados, com olheiras como as minhas, com cílios maravilhosos e uma mão pendurada ao lado, sinto que conquistei algo bom. E que mão! Mão que acaricia meu rosto quando choro como nenhuma outra já fez, que entra em mim com maestria, levando-me ao máximo do prazer, que gesticula de forma elegante, hipnotizando-me, mão que quero por um anel e beijar com gentileza e orgulho para sempre.
 Olhando você dormir e lendo o pouco que tenho registrada de você, posso vislumbrar parte do seu eu verdadeiro. Não vou mentir e dizer que tudo é só admiração. Também me assusta o tamanho e a complexidade de você, mas eu sou de exatas, leio livros de Física por hobby, logo, eu amo você e as teorias que eu preciso formular para te entender melhor. Os planos que eu preciso bolar para te conquistar. As metas que eu preciso estabelecer para estar ao seu lado. Eu jogo Sudoku e RPG, você é meu número.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013




Ás vezes minha incapacidade de prever o que eu poderia fazer me assusta. Teve medo do desconhecido, que no caso é a profundidade, a dimensão do meu amor por você. Me pergunto se em outros tempos, em outras vidas eu já me senti assim tão apaixonada, tão intimamente ligada à alguém pelo coração como se este estivesse sendo puxado pelo imã que é o seu corpo e como se este fosse ser arrancado do peito a qualquer momento. E Dói. Uma coisa que sempre soube sobre nós é que doía. Dói quando eu choro por você, mas dói igualmente quando fico nesse estado de paralisia como se estivesse submersa dentro de uma membrana sufocante que é o meu amor. Esses momentos são como orgasmos: creio que se durassem mais de 5 minutos, eu não aguentaria e morreria exausta dessa sensação tão boa, mas ao mesmo tempo tão próxima do morte, do vazio infinito. É como se o meu corpo derretesse, se desmaterializasse e eu não soubesse mais distinguir-me do resto da vida, fico só com a consciência do amor e me assusto com o tamanho dele. Me sinto dentro e pertencente à Brama e à sua respiração. Porém Brama, para mim, é você. Diferente de como conta o mito, sua expiração não acabaria comigo, mas sim seria o que sustenta minha vida. Sentir você respirar próxima de mim seria o suficiente para eu continuar aqui e querer não ir embora. Presa, completamente envolvida. É louco, porque a única coisa que você precisa fazer é estar aqui, onde você está agora: deitada do meu lado, respirando à uma altura que eu consigo ouvir. Mesmo inconsciente eu sinto que posso te tocar com meu sentimento. Sinto que ele é tão nítido que todas as pessoas do mundo conseguiriam enxergar minha aura, meu chacra te doando meu amor. Mas me assusta. Isso eu quase não consigo explicar, pois me faltam palavras, mas também porque ainda não entendo e conheço muito bem.

sábado, 2 de fevereiro de 2013





O melhor de mim está soterrado agora e tudo que eu tenho são dores, mazelas, sofrimentos egoístas que não acabam mais.  Nem no meu momento de maior raiva e desgosto eu desejei isso que sinto à você, nem esse fado que é estar do meu lado enquanto eu sou isso, esse monstro, esse foço de pensamentos mais pessimistas que eu já tive.
Acredite quando eu digo que não tenho forças para sair donde estou, quando eu digo que queria ser melhor, mas não sei como. Acredite quando disser que sinto muito por alguma coisa ridícula que eu disse num momento de muita ansiedade.
Ultimamente eu sinto como se todo o meu chacra estivesse alojado bem abaixo do meu diafragma. Toda a minha energia se concentra ali e eu me esforço muito para não vomitar o que eu de repente nem comi no dia. Ás vezes parece que eu vou me desfazer em 52 mil pedaços ínfimos como se eu tivesse engolido uma dinamite que explodiu no meu estômago. Toda essa pressão interna é falsamente aliviada com meu kit de primeiros socorros ao contrário. Choro até derreter ou até não conseguir mais respirar, mas tudo só faz ficar mais pesado. Eu não tenho habilidade para lidar com isso. Cada diz parece mais difícil que o outro. Isso não está errado?

Então eu te ofereço o meu amor. Ofereço meu carinho, minha gentileza, minha esperança. O último raio dela é seu, pode levar. Eu te ofereço meus sonhos, planos e desejos mais íntimos. É seu, pode fazer o que quiser com esse lixo. Eu te ofereço o que você encontrar de bom em mim. Boa sorte com isso. Eu te ofereço todas as minhas noites de sono não dormidas. Tente arrumar algum proveito para isso. Ofereço à você todo o meu esforço. Eu te ofereço minha carne, meu sangue. Até meus ossos. Você pode tê-los e senti-los quando quiser, é só me pedir. Só não acaba com meu coração. Só não acaba com a gente. Só não vai embora e leva meu amor com você. Não me deixa pior do que eu já estou.




Sonhei que morri. De alguma forma mórbida, horripilante e bastante real tudo que eu sempre quis se tornou verdade. As pessoas não olhavam para mim na rua, ninguém ouvia o que eu dizia, os carros passavam por mim sem aguçar nenhum dos meus sentidos, meu cigarro não acendia, eu não podia vomitar nem tão pouco comer. Tudo era apenas dor. Sufocante, agonizante, flamejante e deprimente dor. As únicas pessoas que se aproximavam de mim e estavam ao meu redor não podiam me ajudar, pois tinham suas próprias dores insuportáveis. A única palavra que ouvi da boca desses seres do limbo foi “você está morta, você conseguiu o que queria.” E então de uma forma desesperada eu quis reviver, eu quis chegar até você para que você me revivesse, mas, que ironia, meu celular não funcionava. Acho que irônico mesmo seria se funcionasse. Ninguém ali podia me ajudar. Eu só queria largar tudo aquilo e dizer para alguém que eu estava errada, que me enganei, que morrer não era mais o que eu queria. Isso não aconteceu.
Acordei num susto muito grande e cuspindo para o alto. Literalmente. E como manda o ditado, caiu bem na minha cara.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013




E essa minha dor que não me abandona. Todas as minhas cicatrizes doem simbolicamente sempre que alguma coisa longe de bom acontece conosco. E que dicotomia é a minha vida do seu lado. Ora nos entendemos só pelo olhar, ora parece que falamos diferentes línguas. O pior em ser humano-animal é a insegurança. O pior é ler um dos seus textos, achar maravilhoso e só no final perceber que não era pra mim e assim sentir uma dor de traição, de ter sido enganada por anos. O pior é saber que você mente e que mente tão bem e duvidar sempre do que você diz. E, veja bem, não são suas mentiras as culpadas disso tudo, mas sim minha insegurança. Mas no fundo eu sei que você não faz por mal. Faz porque é o que te alimenta, é do é feito seu ego. Suas histórias, suas mulheres, seu sofrimento, suas premissas, suas divagações e suas teorias. Eu não sinto vontade de morrer todos os dias porque minha família não me enxerga ou porque eu não tenho certeza de nada, mas sim por medo. Sinto dúvida e me sinto fraca e consequentemente, idiota e fraca para merecer estar do seu lado. Mas ao mesmo tempo o egoísmo me é abundante e eu nem tento abrir mão disso porque seria o melhor para você. Nem por um segundo. Eu sempre choro, imploro, peço perdão e te arrasto para o meu foço mórbido de sofrimento onde tudo é muito pesado e cinza. Nada disso faz muito sentido. Tudo isso é muito mesquinho e distante da ideia que eu tenho de amor. Mas eu te amo. Eu sei que te amo. É difícil explicar minha certeza. Mas eu sinto. É físico. Quando eu estou perto de você meus chacras fazem um looping no meu estômago e meu coração diz que está tudo certo. Que você é a pessoa. Meu Kama Manas já entra numa de inventar mil planos e palavras bonitas para te impressionar... Parece tão certo na hora. E eu chego a me enganar por muito tempo. Tempo demais para perceber que nada disso está tão bom para você quanto eu pensava. E aí eu olho para trás, vejo todo o meu esforço que parecia bem grande, como farrapos. E dói. Como dói. Você nunca vai conhecer essa dor assim como eu nunca vou conhecer a sua. Isso não é um problema. Eu não desejo que você conheça. Eu só desejo te compreender e ser compreendida. Ser ouvida, ser boa para você. E o problema está bem ai. Eu quero ser para você uma coisa que eu vivo dizendo que não sou. E palavras tem poder, não tem? A gente sabe que tem. E dentro dessa contradição não tem espaço para que eu me sinta bem. Ora choro por achar ter sido boa e perceber que não fui, e noutra porque parece que nunca vou ser. Não me interessa vestibular, dinheiro, viagens, casa mobiliada, família, amigos. Nada disso me prende aqui. É como que se hoje não mais a força da gravidade da Terra me atraísse, mas a sua. Digo isso com orgulho e pesar ao mesmo tempo, pois sei que você lamenta por as coisas serem assim pra mim. O que me envergonha e ai me sinto culpada e mal até por você ser tão importante para mim. É complicado. 
Ainda não tenho certeza sobre o que essas pílulas fazem/farão por mim, mas a única coisa que eu espero é que você goste de quem eu sou/serei.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O Inferno São os Outros





Você diz que eu não te escuto quando você precisa. Você diz que eu sou egoísta todos os dias. Você diz que eu não tenho educação e que sou espaçosa demais e que por isso, te envergonho. Você diz que sou demasiadamente imbecil algumas vezes e que sou burra demais sempre para entender o que você sente/fala/pensa e, por isso, mantém o silêncio. Você diz que não espera nada de bom de mim, pois tem certeza que eu nunca poderei fazer nada de melhor ou diferente do que eu já fiz e que eu vou sempre te decepcionar quando você voltar a confiar em mim, assim, num looping eterno onde eu sou sempre a pessoa que estrago tudo e depois vai embora. Você diz que não precisa de mim e que é melhor assim, pois eu nunca poderia te ajudar se você precisasse, evitando assim sua frustração. Você diz que eu não te apoio, você diz que eu sou pouco, sou fraco, sou mau.

Eu não te pergunto nada disso, mas você me diz mesmo assim. A única coisa que você não me diz é por que você ainda quer ficar comigo. Depois de todas essas coisas que você diz saber sobre mim, depois de ter consciência de todas as coisas que já te fiz e que volto a fazer, porque você ainda quer ficar comigo?
E por vezes eu me respondo: é por pena. Por receio. Por bondade. Por benevolência. E talvez por esperança de que eu me torne outra pessoa. É por amor.

Os estragos são incalculáveis e irreparáveis. Tanto para você quanto para mim. Por todas as vezes que eu te machuquei e te desapontei e por todas as vezes que você cravou no meu peito as unhas do rancor, por todas as vezes que você fuçou meus defeitos e me fez assumi-los como se fossem troféus, medalhas de honra ganhas em alguma batalha muito importante. Mas eu não me orgulho deles e você não me deixa superá-los. Vive trazendo-os à tona. E quando eles vêm à tona, vem sangue junto com eles. Vejo dor, vejo desespero. Vejo morte. Flash.

E por pena, você os deixa de lado e me conforta, como se eles fossem sumir quando você diz que me ama. E por vezes eles até ficam bem pequenos quando eu me sinto amada, mas isso não dura muito nem. Nem minha sensação traiçoeira de me sentir amada, nem meus defeitos diminuídos. A ironia é que toda vez que eles voltam, parecem maiores. Toda vez que você me faz encará-los, eles criam uma nova cabeça, uma nova forma ainda mais assustadora, de modo que é cada vez mais difícil diminuí-los e seguir em frente.

Acho que o coração sabe mais que nós. O Amor pode ser inapropriado, talvez inconveniente e até mesmo perigoso. Faz-nos fazer coisas que nunca imaginaríamos fazer... Mas errado? Não acredito que o amor possa estar errado alguma vez. Errados somos nós, que não sabemos lidar com nós mesmo e com as nossas diferenças. Errados somos nós, com toda nossa arrogância e orgulho, tentando nos defender, justificar e nos esquivar de cada ataque que sofremos, mesmo quando não são ataques. Errados somos nós com a falsa pretensão de que podemos entender tudo sem confirmar com o outro a veracidade das nossas conclusões sobre ele porque nos achamos espertos demais e confiamos no outro de menos.  Errados somos nós que tentamos transformar o outro em alguma coisa para que possamos gostar dele ao invés de simplesmente... gostar, tolerar, aceitar, receber de bom grado o que lhe é oferecido de corpo, alma e coração. Errados somos nós, inflexíveis, inseguros, indelicados, idiotas, indecifráveis, ignorantes.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012



"Sim, há vida após o suicídio, embora poucos acreditem nisso, principalmente quem está no processo de suicídio. Quem se suicida nunca o faz pensando nesta vida futura, pois ele, mesmo se ele já se suicidou outras vezes, nunca acredita nesta possibilidade. Mesmo já tendo passado por isto outras vezes, ele acredita que após aquele suicídio não haverá mais vida. Até porque, um suicida que se preze não se suicidaria se acreditasse na hipótese de vida após o suicídio, ele seria um hipócrita, e suicidas podem ser tudo, mas nunca hipócritas. Eles são transparentes a ponto de parecer mentira e irracionalidade, algo que ultrapassa a inocência e só pode ser classificada como ingenuidade extrema. Suicidas são pessoas perigosas tamanha a credulidade que têm. Ou seja, eles não são hipócritas e jamais se suicidariam se suspeitassem que haveria vida os esperando após o suicídio. Por mais suicídios que já tenham cometido, eles sempre acreditam que aquele seu suicídio será o último e definitivo. Por esta razão, há sempre um novo medo que ele jura que nunca sentiu antes, mas sentiu. Por ser assim tão inocente, ele acha que agora será para sempre, e esta é a única possível motivação de um suicida honesto e verdadeiro: saber, ou acreditar, que agora será para sempre, que não haverá mais vida possível. Mas sempre haverá."



Ela me acompanha há muito tempo, somos íntimas. Ela fica em mim, apagando todas as luzes de esperança e trazendo dor e lágrimas para a minha vida. Eu tento sorrir, ela não permite. Eu tento afastá-la, mas é muito insistente, não me deixa nem um segundo sequer. Quando estou em silêncio, ela me faz recordar dos momentos tristes e mostra o fracasso que sou. Está sempre me dizendo o que fazer e me impedindo de mudar. Ela me quer toda para si, é egoísta. Ela me traz dores, me incomoda, me abate. Me faz chorar pelo que nunca tive e diz que nunca terei, que não adianta esperar, tudo que tenho é ela. Ela não me deixa ver a beleza no mundo: está sempre me fazendo ver que tudo é dor, que sempre fui tola ao pensar que um dia essa beleza seria para mim também.


Ela me humilha, me faz agir com desespero, me machuca. Mas não se vai, está sempre ali quando acordo para me fazer chorar, para me afastar das pessoas, para ver as coisas do pior jeito. E quando eu rezo, ela ri de mim.

Ela é cruel e impiedosa. Me faz lembrar porque está aqui, porque não tive amor, porque tudo que recebi foi desprezo e humilhação. Ela me faz querer morrer apenas para que eu não tenha que viver com ela nem um dia a mais. Ela me faz ter pensamentos infelizes, me traz angústia por ainda estar aqui e ter que senti-la ao dentro de mim.

Ela me machuca, não me dá chances. Ao contrário, me tira todas elas. Me afasta das pessoas e me faz ver que não compensa ter ninguém ao meu lado. Ela nunca se cala, tudo que ela me diz ofende e me faz sentir ódio por mim mesma. Ela adora fazer as pessoas sentirem pena de mim e isso me magoa.

Eu a quero longe, mas não sei o que fazer para matá-la. Nem mesmo um falso sorriso consegue mantê-la distante... Talvez ela vai conseguir o que quer de mim...

segunda-feira, 22 de outubro de 2012



Onde queres revólver, sou coqueiro
Onde queres dinheiro, sou paixão
Onde queres descanso, sou desejo
E onde sou só desejo, queres não
E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alta, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão

Onde queres família, sou maluco
E onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon, sou Pernambuco
E onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez
E onde vês, eu não vislumbro razão
Onde o queres o lobo, eu sou o irmão
E onde queres cowboy, eu sou chinês

Ah! bruta flor do querer
Ah! bruta flor, bruta flor

Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói

Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és

Ah! bruta flor do querer
Ah! bruta flor, bruta flor

Onde queres comício, flipper-vídeo
E onde queres romance, rock'n roll
Onde queres a lua, eu sou o sol
Onde a pura natura, o inseticídio
Onde queres mistério, eu sou a luz
E onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
E onde queres coqueiro, eu sou obus

O quereres e o estares sempre a fim
Do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal
E querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há e do que não há em mim

quinta-feira, 18 de outubro de 2012



Nada do que eu fui me veste agora
Sou toda gota, que escorre livre pelo rosto
E só sossega quando encontra a tua boca

E mesmo que em ti me perca
Nunca mais serei aquela
Que se fez seca
Vendo a vida passar pela janela


Minhas lágrimas para você não fazem sentido ao mesmo passo que sem você elas também não fazem. De longe eu percebo - tardiamente - o quanto é inútil e medíocre minhas lágrimas por você. Só funciona para crianças que querem sua mamadeira. Hoje sou eu que tenho que fazer a minha própria, me ninar e me fazer cafuné.

Talvez eu realmente não sofra como você sofreu. Talvez você não vá fazer isso comigo, por mais que eu mereça. Sua vingança seria doce, você sabe. Mas eu entendo o seu amor, sei que não há espaço para isso dentro dele. Mas infelizmente ou não, isso só faz eu te amar mais.

Entenda, não é descaso. É apenas dar a possibilidade ao outro. Deixar a outra parte tomar a iniciativa dessa vez. Entenda, não é querer de abster. Querer tomar sempre a iniciativa, querer ter sempre controle, achar sempre que deve fazer alguma coisa é não dar espaço para que o outro faça, para que o outro controle, para que o outro tome iniciativa. E isso é arrogante demais parar mim. É privar o outro de uma experiência válida: a de se redimir.

Devemos sempre achar uma possibilidade, um lugar, dentro das limitações que nos são impostas e, veja bem, quando você entende sua limitação, quando você entende que não pode fazer tudo, alcançar tudo, abre muito mais possibilidades dentro do que lhe é alcançável, simplesmente porque se conhece seu domínio. Um grão de areia com mais alguns outros formam uma praia. Somos pequenos demais para planejar e apoiar nossas convicções imaginando ser forte e infinito como não somos. É suicídio. É tentar com a garantia do fracasso. 

Existem Dias



"Existem dias que te amo, existem dias que você me odeia;
Existem dias que a morte é bela, existem dias que a vida é feia;
Existem dias que você não me quer, existem dias que eu te quero;
Existem dias que você pode tudo que puder, existem dias que espero!

Existem dias que sou mau, existem dias que sou perigoso;
Existem dias que o prazer é carnal, que o sofrimento é o próprio gozo;
Existem dias que eu quero fugir, existem dias que você não existe;
Existem dias que não sei porquê, existem dias que você persiste!

Existem dias que você me quer apenas para a sua satisfação;
Existem dias que o prazer está na própria mutilação;
Existem dias que confundimos tudo em uma única emoção!

Existem dias que os sonhos parecem mais do que reais;
Existem dias que os filhos se tornam seus próprios pais;
Existem dias que para que existam dias, e eles se repitam sempre iguais!"

[- Edward Rose]



Quando você faz o seu melhor, mas não tem sucesso
Quando você recebe o que quer, mas não o que precisa
Quando você se sente tão cansado, mas não consegue dormir
Preso em marcha-ré


E as lágrimas escorrem pelo seu rosto
Quando você perde algo que não pode substituir
Quando você ama alguém, mas isso se desperdiça
Poderia ser pior?

Luzes vão te guiar para casa
E incendiar seus ossos
E eu vou tentar consertar você

Bem lá em cima ou lá embaixo
Quando você está apaixonado demais para desistir
Mas, se você nunca tentar, nunca saberá
Exatamente qual é o seu valor

Luzes vão te guiar para casa
E incendiar seus ossos
E eu vou tentar consertar você

Lágrimas escorrem pelo seu rosto
Quando você perde algo que não pode substituir
Lágrimas escorrem pelo seu rosto
E eu

Fix You - Cold Play